sábado, 30 de março de 2013

IMORTALIDADE DA ALMA OU RESSURREIÇÃO DA VIDA?


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José Luiz Martins Carvalho A crença na existência de uma vida após a morte é atestada desde a Idade da Pedra pelas práticas funerárias em culturas primitivas. Todavia, foi apenas nos séculos VI e V a.C. que tanto judeus como gregos cristalizaram suas crenças na vida após a morte, que legaram ao cristianismo, bem como a toda cultura ocidental (Cf. PANNENBERG, Systematische Theologie – Vol. 3, p. 556). No cristianismo primitivo, esta crença teve algumas nuanças de significado no pensamento dos diferentes teólogos. O apóstolo Paulo e Clemente de Roma (que foi citado pelo apóstolo em Fp 4.3 e viveu no fim da era apostólica, c. 96) referem-se apenas à idéia de ressurreição da vida. Justino, o Mártir, (c. 110-165) fala da ressurreição da vida para salvação ou para julgamento. Ireneu (c. 115-200) e Tertuliano (c. 160-220) ensinaram que a alma é imortal. Todavia, Clemente de Alexandria (c. 160-220) defendia que apenas o Espírito Santo poderia imortalizar a alma dos seres humanos. Não obstante, a teoria platônica da imortalidade da alma deixa certas marcas mais profundas na obra de Orígenes (c. 185-253). A partir de então, através do contato com a filosofia platônica em Orígenes e, mais tarde, em Agostinho (c. 354-430), doutrinas como esta foram sendo plasmadas na mente dos crentes em geral, de modo que diz Oscar Cullmann: “Se hoje perguntarmos a um cristão, seja protestante ou católico, intelectual ou não, o que diz o Novo Testamento sobre a sorte individual do homem depois da morte, com poucas exceções a resposta será: ‘a imortalidade da alma’. Nessa forma esta opinião representa um dos maiores equívocos do Cristianismo” (CULMANN, Imortalidade da alma ou ressurreição dos mortos, p. 17). No entender de Oscar Cullmann, as cenas usadas no NT para descrever a condição daqueles que morreram em Cristo provam que a ressurreição de Cristo está efetivada e, assim, eles já estão com Cristo na eternidade e sua ressurreição se manifestará no tempo, tal qual o próprio Senhor Jesus (Cf. CULMANN, Imortalidade da alma ou ressurreição do mortos, p. 41). Esta idéia é corroborada pela visão de Wolfhart Pannenberg acerca da ressurreição de Cristo como prolepse, isto é, como antecipação do fim da História. Assim, o destino dos crentes neste mundo e também no porvir está intimamente ligado ao do próprio Cristo. “A continuidade de nossa vida presente com a vida futura da ressurreição dos mortos não deve ser buscada na seqüência linear do tempo; ela reside no caráter oculto do Deus eterno, cujo futuro já está presente em nossas vidas” (PANNENBERG, Wolfhart. Systematische Theologie –Vol. 3, p. 574). Por outro lado, a concepção do período transitório entre a morte e a ressurreição geral, no tempo do fim, foi permeada na história da teologia pela doutrina da imortalidade da alma, embora sempre se tivesse em mente que a alma separada do corpo não pode ser considerada capaz de sustentar uma existência humana plena. Mesmo aqueles que sustentaram a doutrina da imortalidade da alma acreditam como que a unidade entre corpo e alma é indispensável para a vida humana. Alguns grupos cristãos que não aceitam a doutrina da imortalidade da alma, mas acabam por defender uma idéia popularmente conhecida como “sono da alma”, onde os mortos estariam em um estágio de “hibernação”, aguardando a volta de Cristo. Estes grupos caem no equívoco de, a despeito de não subscreverem a doutrina, continuarem a interpretar a questão dentro da mesma perspectiva. Equivocadamente continuam a admitir algum tipo de “existência” entre o tempo e a eternidade. Contrariamente a isto, a Escritura nos adverte: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). O juízo segue-se à morte, pois passa-se do chrónos ao kairós, muda-se o parâmetro temporal. Do tempo linear para a eternindade. Logo, para o cristianismo bíblico não há imortalidade nem sono da alma, mas apenas a mudança de estado do tempo para a eternidade. Na Parousia, tempo e eternidade se encontrarão. É isto que, hoje, ansiosamente aguardamos! Tags: ALMA, DA, IMORTALIDADE, OU, RESSURREIÇÃO, VIDA?

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